A matéria sobre o acordo para a criação de um cartão da Gaviões da Fiel é emblemática para explicar um pouco de como o esporte no Brasil não sabe trabalhar o conceito de construção de marca.
A torcida organizada Gaviões da Fiel lançar um cartão pré-pago a seus associados é algo que só pode existir no Brasil. O Corinthians dá à torcida o poder de utilizar-se do símbolo do clube e de fazer ações que tiram dele uma fonte de receita.
Até aí, nada demais. O clube poderia, facilmente, proteger-se disso e entrar com um processo por uso indevido da marca. Mas, geralmente, quando o clube é confrontado com isso, dá de ombros e não faz valer os direitos exclusivos sobre sua marca.
O ponto é que o esporte no Brasil não tem qualquer trabalho para a construção da marca. É só ver como as coisas funcionam no futebol, teoricamente o esporte que deveria ser o carro-chefe dessas ações.
Não há uma marca que caracterize as principais competições nacionais, da mesma forma que falar em padrão de identidade visual dos clubes é algo que existe há menos de dez anos, quando de fato existe.
O poder paralelo que as torcidas organizadas têm no futebol é algo que deveria envergonhar os dirigentes. Mas, ao contrário, eles insistem em aceitar as organizadas como algo que “faz parte do futebol”, em vez de trabalhar para coibir um dos maiores usurpadores de sua marca.
Quando o esporte perceber que a melhor forma de ganhar dinheiro é trabalhar a força da marca de um clube, uma competição ou um atleta, verá que é preciso coibir com todas as ações motivadas “por amor”.