A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou medidas interessantes nesta semana: uma técnica de outro mercado para a seleção feminina e um plano de integração com os times de base no masculino. As iniciativas dão continuidade ao modo diferente que a nova gestão da entidade tem se apresentado, o que sem dúvida é um bom sinal. As dúvidas, no entanto, são o quanto as boas ideias serão transformadas em um planejamento firme e o quanto serão executadas na prática.
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A questão é que não há nenhum histórico que mostre que ideias diferentes não passam de uma simples vitrine, e não um real modo de pensar o esporte. O normal para a entidade é seguir o clamor popular do momento, mas logo depois largar o plano traçado. Na seleção masculina, por exemplo, isso ficou claro na última década.
Em 2010, Mano Menezes assumiu o time com o plano de trabalhar com uma nova geração de modo mais alinhado com o futebol europeu. Dois anos depois, foi demitido para Scolari assumir. Mais outros dois anos, e Dunga voltou ao cargo. Ou seja, nunca houve mudança de fato.
Agora, com a sueca Pia Sundhage, fica a mesma dúvida. A presença da técnica pode ser apenas uma resposta imediata àqueles que corretamente entendem que o futebol feminino precisa de novos caminhos, sem necessariamente alterar o modo como a confederação pensa a modalidade.
Sundhage terá um enorme desafio pela frente. Terá que renovar a seleção brasileira, implementar as melhores técnicas aos times e ainda estruturar o futebol de base das mulheres. Expertise não parece faltar à profissional, mas isso não será necessariamente o suficiente. Ela terá ainda que driblar o estúpido preconceito contra estrangeiros no esporte mais popular do Brasil, além de reunir resultados em curto prazo.
O alinhamento entre as seleções de base deverá ter menos resistência, mas também sofrerá com o mal do curto prazo: caso os resultados não apareçam, todo o método será questionado, mesmo que hoje conte com o aval da maioria.
Mudanças mais profundas no desenvolvimento esportivo, no entanto, dificilmente têm resultado imediato. Os exemplos de outros mercados do futebol mostram que é necessário cerca de uma década para novas metodologias mostrarem efeito.
E esse será o grande desafio da nova gestão da CBF: se quiser ser realmente diferente, com métodos mais profissionais, a confederação terá que manter as suas decisões, mesmo quando houver pressão por mudanças.
Seria algo inédito na história da entidade.