É difícil dizer que a seleção brasileira não permanece como um grande produto para patrocinadores; o time tem muito apelo e muita mídia. Mas o pedido do Guaraná Antarctica para que os torcedores não deem as costas à equipe mostra que nem tudo são flores; ultimamente, a relação do time nacional com o público não anda muito bem.
A cada derrota, há um problema para quem está envolvido com a seleção brasileira. Com a imagem bastante arranhada, fruto do “7 a 1”, presidentes presos, pouca empatia com os atuais atletas e anos de zona da CBF, o público se revolta a cada tropeço e coloca os patrocinadores em uma situação delicada.
O que aconteceu com a seleção colombiana, que voltou a Bogotá nos braços de uma multidão, parece impensável para a seleção brasileira. Após algum vexame histórico, seria mesmo difícil de imaginar uma situação semelhante. Mas, contra a Bélgica, o time sofreu uma derrota absolutamente normal do futebol. E ainda assim um patrocinador precisou ir a público pedir apoio.
Na relação com o mercado, a seleção teve dois grandes crescimentos, com uma proximidade no começo da década de 2000 e um boom após o anúncio da realização da Copa do Mundo no Brasil. Depois, houve saída de marcas fortes, mas, de maneira geral, a seleção permanece devidamente acompanhada de grandes empresas. O problema é que não há nada que garanta a manutenção disso.
A CBF precisaria pensar em um conjunto de valores que possa nortear o time a ponto de a maioria dos brasileiros se sentir representada pela equipe que entra em campo. A seleção já foi o símbolo daquilo que o país queria ser, algo que há algumas décadas foi perdido. Em uma conjuntura de futebol mais profissionalizado, a situação ganhou urgência nos bastidores da equipe.
Há, claro, uma série de dificuldades. Em qualquer trabalho de branding, seja no esporte ou não, exige-se um compromisso de longo prazo, além de demonstrações públicas de transparência entre os gestores. Hoje, tudo isso parece muito distante.
Durante esta Copa do Mundo, houve até agressão de assessor do Coronel Nunes, mandatário da CBF. E, segundo publicou o Uol, o vice-presidente da entidade, Gustavo Feijó, não teve nenhum constrangimento em criticar os jogadores da seleção em voz alta em áreas do estádio da partida contra a Bélgica. São atitudes de pessoas completamente descompromissadas com a imagem da seleção brasileira, de uma gestão abaixo do amadorismo. Isso pode se tornar um problema cada vez maior para os patrocinadores.