É preciso muita calma antes de celebrar a decisão da Globo de começar a citar o nome de patrocinadores nas transmissões esportivas. A iniciativa tem muito mais jeito de que visa melhorar a entrega comercial do canal do que deixar de lado a autoritária regra de não citar nomes de marcas que dão nome a clubes ou novos estádios.
Há dois anos, a Globo passou a usar o Jornal Nacional para anunciar as renovações dos parceiros comerciais das transmissões esportivas. Desde a atual temporada do futebol, a tela é reduzida na hora da passagem do “foguete” para mostrar a marca do parceiro.
Ou seja. Não é tanto o desejo de dar mais “entretenimento” às transmissões, mas muito mais necessidade de aumentar a entrega comercial e, assim, justificar o aumento dos valores pagos pelas empresas parceiras da Globo.
É só lembrar que, a cada ano, sobe o valor pago pela cota de F-1 e futebol, mas não segue a mesma proporção o crescimento de audiência, sendo que em alguns casos ela até encolhe mais.
Mas, mais do que isso, quando há a determinação de que as marcas serão citadas por serem parceiras da emissora, dificulta-se ainda mais o respeito a quem detém cotas de naming right.
Quer dizer que, para ter o nome citado na Globo, só com um acordo comercial? Até então, esse era o argumento dado por ela para mudar o nome do Allianz Parque para Arena Palmeiras, ou de só chamar pelo nome da cidade o time de vôlei, apesar de o Sesi não ser chamado de São Paulo…
Agora, cria-se o parâmetro. E a desculpa. O patrocínio do patrocínio é a típica aberração que o mercado brasileiro é capaz de criar. Espera-se, agora, que a Globo pense, de fato, no negócio do esporte. E não apenas no dela.