O São Paulo deu um passo importante para voltar a ser referência em gestão no futebol brasileiro. Uma comissão de clube gerenciando um corpo diretivo profissional é o caminho adotado por parte considerável dos clubes europeus. É a maneira que a hierarquia do time se torne essencialmente corporativo, com o mínimo de ingerência dos velhos cartolas.
Mas há um problema claro que o clube terá que enfrentar: implementar um sistema capacitado é, invariavelmente, quebrar com antigos hábitos e costumes de pessoas que estão há décadas no clube. Na prática, inserir uma nova cultura corporativa forçadamente não é simples, e a resistência pode facilmente destruir com qualquer boa intenção.
No próprio futebol brasileiro sobram exemplos. Em um dos casos mais notórios, o Internacional contratou o economista Aod Cunha, ex-secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul, para ser o CEO do clube. O executivo teve como principal objetivo tornar todos os processos da equipe o mais profissional possível.
A aventura de Aod Cunha terminou em quatro meses, com um pedido de demissão após constatar que o processo de profissionalização só iria até o momento que interesse de terceiros não era confrontado.
O São Paulo foi exemplo de gestão sob a liderança de Marcelo Portugal Gouveia. Sua saída representou o fim de um modelo vanguardista no Brasil e lembrado até hoje. Agora, o clube precisa de força semelhante para quebrar paradigmas internos.