Quando anunciou a contratação da Synergy para montar o projeto de venda de direitos de transmissão para a seleção brasileira, a CBF fez de tudo para dar ares de modernidade à ação.
Atolada nas polêmicas desde a prisão de J. Hawilla nos EUA, a entidade tenta, de todas as formas, resgatar alguma credibilidade com o mercado. Ter uma consultoria, nessa hora, deu a certa impressão de que mudariam-se algumas práticas dentro da entidade.
Mas o que fez a Synergy? A empresa, tal qual já havia feito a CBF, supervalorizou o produto seleção brasileira. O resultado da primeira ação da empresa foi desastroso. Proposta com valores altíssimos pelos amistosos da seleção, seja na TV aberta, paga ou streaming. E, além disso, feita num momento totalmente errado, com concorrência acirrada por direitos prioritários – em audiência e faturamento – da Copa Libertadores e Liga dos Campeões.
A consultoria viu o projeto de fatiamento dos direitos minguar quando nenhuma empresa fez proposta pelos direitos de TV. A Globo, por sua vez, fez uma jogada de mestre no xadrez da negociação. Comprou os direitos de streaming e ignorou os outros. Foi a pá de cal para o movimento da Synergy, já que, não havendo interessados pela transmissão na TV, não haveria o que fazer para retomar valor na venda.
Assim, restou à CBF descer do salto e aceitar as condições impostas pela única emissora que dispõe de caixa para bancar os direitos da seleção brasileira na TV aberta e na TV paga.
Uma consultoria precisaria entender com precisão o momento de mercado da TV no Brasil para vender os direitos de forma eficiente. A lição que fica é que nem sempre consultoria é sinal de modernidade. A CBF viu isso na prática.