A polêmica em torno do árbitro de vídeo ganhou contornos dramáticos no dia de desfecho dos dois primeiros grupos da Copa. As polêmicas decisões dos árbitros, usando o recurso do vídeo, nos jogos entre Portugal x Irã e Espanha x Marrocos, levantaram mais debates sobre o uso da novidade tecnológica.
No fim das contas, o uso do VAR começa a se mostrar a melhor inovação desta Copa. E a adoção do sistema para todo o futebol representará uma das principais melhoras na forma como se joga o esporte para os próximos anos.
O primeiro ponto é o entendimento de uso do VAR. Ele é adotado tão somente em lances de erros que mudam completamente a história de uma partida. Um cartão mal (ou não) aplicado, um pênalti que não foi marcado, um impedimento não visto, etc. Isso tem um efeito primordial sobre a justiça com o placar de uma partida.
Mas, além disso, o VAR traz uma inovação importante para a arbitragem e a sua relação com os atletas. Erros clamorosos do trio de arbitragem são drasticamente reduzidos. Não por acaso, a Copa de 2018 é a que mais marcações de pênaltis passará a ter. É desumano cobrar o que se cobra do olhar de uma pessoa tendo como base de comparação o conforto do sofá da sala somado com mais pelo menos uma dezena de câmeras para ajudar a ver o lance. É impossível o árbitro ser tão preciso.
Essa é a primeira transformação radical do uso da tecnologia. O árbitro não terá a pressão do erro. Ou, pelo menos, não precisará ser o único responsável por uma decisão equivocada. Isso, no final, até melhora a qualidade de trabalho da arbitragem.
Outra mudança que o VAR proporciona, no médio prazo, é o fim de tanto debate dos jogadores com a arbitragem. Tendo um colegiado ligado no vídeo e um representante dentro de campo, a tendência é que o atleta aceite muito mais a decisão tomada pela arbitragem. Não dá para concorrer com o vídeo, por mais que a sensação seja de que não houve o toque na bola, ou então que aquele impedimento era claro.
Como qualquer novidade, levamos um tempo para nos acostumarmos a ela. Mas, pode apostar, quando a bola voltar a rolar nos gramados da América do Sul, teremos diversos críticos do novo sistema sentindo falta do fim daquele sentimento de injustiça de uma decisão equivocada tomada pela arbitragem do olho humano.
E, para os saudosistas, as polêmicas não acabarão. Afinal, a interpretação do árbitro ainda é o critério de tomada de decisão. InoVAR é preciso. A Copa mostra isso.