Será que Marta conseguirá, no YouTube, assumir o protagonismo que tem como jogadora de futebol? Essa pergunta é o que precisa permear essa nova empreitada que a melhor atleta da história do futebol feminino assumiu. Por mais que ela esteja calcada na força da rede social e no conhecimento dos irmãos Neto e de João Pedro Paes Leme para alcançar o sucesso, o negócio depende de um fator que até hoje ninguém conseguiu descobrir como fazer: o atleta virar mídia.
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Sim, é óbvio que Marta desperta o interesse nas pessoas. Foi só ver na Copa do Mundo deste ano o furor que ela causou ao usar um batom chamativo durante os jogos, ao apontar para a chuteira com o logo do Go Equal após fazer um gol ou no discurso do “chorar no começo para sorrir no final” após a eliminação do Brasil para a França. Mas tudo que foi repercutido por ela também tem relação direta com o evento do qual ela participava.
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O atleta como personagem de bastidores passou a ser um produto desde que as redes sociais se popularizaram. Elas tiraram um pouco a aura de inatingível das celebridades e as aproximou dos fãs. Isso é o que move, hoje, milhões de pessoas que sabem (quase) tudo o que se passa na vida de atores, cantores e esportistas. Mas será que o interesse no consumo dessas personalidades vai além dessa relação?
É muito mais simples para um atleta fazer posts regulares em Facebook, Instagram e Twitter do que se dispor a produzir conteúdo em vídeo com frequência e, principalmente, com relevância para o consumidor. As redes sociais, na maioria das vezes, são reflexo daquilo que acontece “no mundo lá fora”. O que é o assunto mais chamativo vira conversa potencializada nas redes. E o atleta, muitas vezes, é o protagonista virtual exatamente por ser o ator principal daquilo que ocorre na vida real.
Esse cenário é completamente diferente de ser o produtor de conteúdo. Produzir algo que seja relevante para as pessoas, com frequência e qualidade, é muito difícil. Até hoje, o YouTube não conseguiu ser o que seus concorrentes são: um porto seguro para que celebridades possam abrir um pouco das suas vidas e, dessa forma, gerar relevância para a rede social e receita para quem produz e quem propaga esse conteúdo.
O sucesso dos youtubers é potencializado por serem eles porta-vozes daquilo que as pessoas pensam e querem. Um atleta que vai para o YouTube vai ser porta-voz de quem? Marta precisa deixar de ser apenas uma jogadora de futebol que abre sua vida para o torcedor para ser uma produtora de conteúdo relevante. Só assim terá sucesso.