O mercado do esporte não pode ignorar os dados revelados pelo Datafolha no último fim de semana. Depois dos R$ 30 bilhões investidos para a realização da Copa do Mundo no Brasil, o interesse do brasileiro pelo futebol caiu de forma substanciosa.
O Datafolha revelou que 41% da população brasileira não tem interesse pelo futebol, dez pontos percentuais a mais do que o revelado pela mesma pesquisa realizada em 2010. O período abrangeu justamente os megaeventos realizados no país.
A notícia boa para os agentes que regem o futebol é que a pesquisa também mostra que a descrença não é generalizada, algo que poderia ser suposto após o mar de corrupção que foi a realização da Copa do Mundo e que tem sido a gestão da Confederação Brasileira de Futebol.
O ponto é que existem nichos específicos com alta rejeição. Mulheres, por exemplo, compõem um grupo em que 56% diz não ter interesse. E em época de profunda elitização do esporte mais popular do país, os que têm renda familiar mais baixa são os que apresentaram maior desinteresse.
Trabalhar melhor esse público passou a ser fundamental para a sustentabilidade do futebol como um esporte de massa no Brasil. De forma geral, as gestões excluem com ênfase esses grupos.
Evidentemente, há uma série de fatores que contribuem para as respostas, que passam inclusive pelo momento econômico vivido pelo país. Mas não tem como ignorar a crise institucional que atravessa o futebol. Times e federações não podem se basear apenas em público no estádio e em audiência para medir a proximidade com o torcedor. A pesquisa deixa claro: há algo fora do trilho.