A decisão do Coritiba de fechar com a Globo/RPC e abrir mão de peitar de novo a emissora com uma transmissão do principal jogo do Paraná por streaming é basicamente o caminho inverso que faz a Premier League ao projetar receita recorde com os direitos de mídia do Campeonato Inglês.
O abismo que separa o futebol brasileiro do inglês é medido por essa noção de que o streaming é a próxima garantia de manutenção do esporte numa bolha de geração de receitas.
Mas qual o real poder do streaming?
É essa a resposta que pode começar a ser respondida, no mercado do futebol, com a presença dos novos gigantes da mídia na disputa por direitos do torneio mais desejado globalmente.
Só que, assim como só a NFL teve até hoje um acordo parrudo no streaming, só a Premier League tem potencial para ter o mesmo tipo de negócio no mundo da bola. Talvez a Liga dos Campeões tenha um aumento de receita pela concorrência no streaming, mas ninguém mais estará bem assim.
E é exatamente isso que precisa ser muito bem entendido pelo mercado antes de se tomar a decisão de que o streaming chegou para mudar o hábito de consumo de mídia das pessoas.
Sim, a Netflix hoje só perde da Globo em faturamento anual no país, mas é precoce achar que ela virá com tudo para buscar direitos de transmissão.
Na Europa, em que o mercado está mais maduro e o produto tem atratividade global, justifica-se pagar alto por direitos de transmissão de eventos.
Mas, no Brasil, a realidade se apresenta quando o Coritiba tem de pensar no curto prazo e fechar com a Globo para assegurar receita do que ter paciência e faturar com o streaming.
Dinheiro, por enquanto, só na TV.