O estouro do escândalo que colocou em turbulência o vôlei brasileiro é a síntese de um dos principais problemas que existe no esporte: o dinheiro, quase sempre, não tem dono.
Organizado por meio de associações sem fins lucrativos, o esporte é um terreno fértil para desvios de verba e descontrole de gastos. Afinal, não há um “dono” do dinheiro a não ser a própria instituição.
No caso do vôlei, com as vitórias se acumulando nas quadras e nas areias, o mau uso do dinheiro da CBV era “compensado” pelo bom desempenho no que realmente importa, que é a competição esportiva.
Na origem da organização do esporte, ser uma entidade sem fim lucrativo não era problema. As competições eram, a princípio, entre os associados do próprio clube, quase que uma forma lúdica de passar o tempo de folga do trabalho. O dirigente, amador, era responsável por organizar os associados e, num nível mais acima, organizar os clubes para disputarem uma competição.
Há pelo menos 60 anos, com o esporte profissionalizado, esse modelo está ultrapassado. Não se pode mais o dinheiro de uma entidade não ter dono. Da mesma forma, é impensável que o gestor de uma entidade esportiva não seja remunerado.
O esporte já saiu da era amadora dentro da quadra faz muito tempo. Chegamos ao limite que obriga agora gestores a se profissionalizarem e as entidades a cobrarem o bom uso de seu dinheiro. Esse é o próximo passo na evolução do esporte.