A trajetória de Usain Bolt em Jogos Olímpicos é curiosa. Embora já fosse recordista mundial dos 100 m, muitos duvidavam de suas chances em Pequim-2008. O jamaicano tinha histórico de decepcionar em competições maiores.
Em prognóstico que fiz para a Folha de S.Paulo na época, só o punha como favorito nos 200 m. Na China, porém, Bolt iniciou sua trajetória em direção ao olimpo, com três ouros e três recordes mundiais.
Quatro anos depois, ele sofria com uma lesão na panturrilha. A Jamaica fazia em Birmingham aclimatação para os Jogos de Londres. Pela TV Record, fui cobrir um treino aberto dos jamaicanos. Bolt não apareceu, deixando o suspense no ar. Dias depois, se consagraria no estádio Olímpico com mais três ouros para a coleção.
Situação parecida acontece agora. Bolt sofreu lesão na coxa esquerda, a mesma que usa para impulsionar o corpo nas largadas. Pode ser a principal ausência dos Jogos do Rio.
Apesar disso, marcas como Puma, Gatorade, Banco Original, Virgin Media, Nissan e Hublot apostam no enorme potencial de marketing de Bolt para fazer ativações relacionadas ao esporte e à Olimpíada.
Mas não é arriscado ter como embaixador um atleta que pode nem disputar os Jogos do Rio?
Por tudo o que fez até aqui na carreira, pelos 11 recordes mundiais quebrados, por derrubar o biótipo médio dos velocistas, por fazer o difícil parecer fácil e pelo enorme carisma que tem, Bolt transcende tempo e espaço. Mesmo que não esteja na pista do Engenhão, no mês que vem, ele será um dos ícones dessa Olimpíada. E das próximas.