O esporte precisa ouvir a Globo, e não se sentir excluído por ela. Na edição desta quinta-feira (31) do Boletim Máquina do Esporte, foi mostrado o quanto algumas modalidades têm se espalhado por outras emissoras, algo bastante saudável para o mercado. Mas há segmentos que têm ficado órfãos. E o maior grupo de comunicação do país não tem escondido as razões.
LEIA MAIS: Com vôlei e futebol feminino, Cultura volta a apostar no esporte
LEIA MAIS: Análise: Esporte precisa aproveitar fim do monopólio
No mesmo dia da publicação deste veículo, o blog “Olhar Olímpico”, do UOL, publicou uma matéria com o analista de marketing esportivo da Globo, Rafael Ganem: “A gente quer mostrar o esporte olímpico com uma série de 15 minutos no Esporte Espetacular, uma matéria legal no Jornal Nacional, o esporte olímpico de qualidade”, comentou o executivo sobre a retirada de esportes olímpicos da programação.
Não é exatamente que a Globo não valorize os esportes olímpicos; a emissora permanece com os direitos dos Jogos que, vale lembrar, geram boa audiência. O problema está em competições de baixa atratividade, com formatos que fogem do que seria ideal para um canal de televisão.
O executivo da Globo chega a citar diretamente o Troféu Maria Lenk, de natação, e o Troféu Brasil de Atletismo. São eventos de baixa atratividade, que não conseguem nem mesmo reunir um grande público nas arquibancadas.
O que resta de solução? Fórmulas que estejam mais distantes das competições oficiais, mas que consigam criar bom entretenimento, com boas histórias. Um bom exemplo é o “Desafio Mano a Mano”, criado por duas agências, sem aval oficial de confederações. As primeiras edições contaram com a presença de Usain Bolt, mas depois o evento ganhou vida própria e alcançou até a canoagem. Aberto, popular e curto, foi facilmente abraçado pela Globo.
A função de uma confederação é organizar o determinado esporte de alto rendimento, com atletas e competições oficiais. Mas, além disso, é papel dela promover o esporte, com novos públicos e patrocinadores. Para isso, precisa da mídia e não pode simplesmente lamentar que seus formatos tradicionais não sejam atrativos. É preciso inovar para conquistar espaços e garantir boa entrega aos seus raros parceiros.
Quando se fala em futebol, vôlei ou basquete, essa missão é muito mais simples porque o produto atrai com mais facilidade. E, nesse caso, quando não há a Globo, há outras emissoras interessadas em um bom evento ao vivo. Para modalidades com menos apelo, é necessário abraçar o entretenimento para não serem esquecidas.