A Ponte Preta poderá ter, nos próximos anos, uma arena das mais modernas. O sonho pode parecer loucura aos olhares mais desatentos, focados apenas nas aventuras que foram as construções de estádios para a Copa do Mundo ou de projetos isolados, como a Arena Barueri. Mas, na verdade, as novas estruturas podem se tornar uma importante ferramenta para cidades brasileiras.
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O ponto central é que existem municípios ricos que não possuem locais de alto nível para grandes eventos, uma carência que ronda todo o país. Campinas, no interior de São Paulo, é uma das cidades mais ricas do Brasil, com PIB superior a capitais como Recife e Goiânia. Uma boa arena no local faz sentido e, com um bom projeto, é facilmente absorvida pelo mercado. O fluxo financeiro pode ser menor do que seria em São Paulo ou no Rio de Janeiro, mas a aceitação certamente é mais simples pela falta de concorrência.
O próprio estado de São Paulo guarda um bom exemplo. Neste ano, o Botafogo de Ribeirão Preto apresentou o estádio Santa Cruz reformado, com um setor transformado em “arena multiuso”. A concessionária de carros de luxo Eurobike adquiriu os naming rights do local, e a rede americana Hard Rock instalou a única unidade do sudeste brasileiro na nova estrutura.
Com população de quase 700 mil pessoas e um PIB superior a capitais como Belém e São Luís, Ribeirão Preto e o novo estádio Santa Cruz mostram como existem mercados que carecem de uma estrutura melhor. E como um estádio de futebol pode aparecer como ótima solução.
É preciso, no entanto, um modelo de negócio sustentável. A afirmação, absolutamente óbvia, foi fortemente ignorada na construção de estádios para a Copa do Mundo e, de certa forma, manchou a imagem das arenas esportivas como ferramentas legítimas de fazer negócios. O que aconteceu foram contas impagáveis para mercados que não tinham a necessidade de algo tão grandioso. O resultado foi a criação de elefantes brancos em todo o país, com enorme prejuízo aos cofres públicos.
A solução, que parece ter sido o caso do Botafogo de Ribeirão Preto, é fazer os investimentos mais cirúrgicos possíveis, com apostas em estruturas que de fato o mercado tenha necessidade. Agora, a Ponte Preta pode jogar luz ao mercado, com arenas mais saudáveis do ponto de vista financeiro. No fim, é um movimento em que todos ganham, já que o sucesso dos estádios de times menores também reforça a importância das principais arenas construídas no país.