Um dos principais argumentos a favor do Campeonato Paulista é a sobrevivência financeira dos times do interior. Para a federação local, a festa nas ricas cidades do Estado serve de justificativa para a manutenção do torneio. Seria um ótimo fator para manter a disputa, se a verdade não estivesse tão longe da teoria.
O Bragantino mostrou nesta terça-feira (13) que, de fato, o torneio tem um enorme peso ao time. Mas longe da maneira mais romântica de entender o futebol. O time resolveu jogar as quartas de final fora de sua cidade, Bragança Paulista, para enfrentar o Corinthians na capital, no Pacaembu. A explicação está na maior possibilidade de renda alta em bilheteria com o duelo.
O que acontece hoje é que os clubes do interior ganham com televisão e patrocínios, mas ficam zerados naquilo que deveria representar uma maior fatia da renda: os eventos. A sonhada “festa do interior” não existe, e o Bragantino explicitou isso a todos.
Hoje, além dos preços altos dos ingressos, não há nenhum esforço para fazer de uma partida no interior agradável ao público. Food trucks, ações de patrocinadores, shows, qualquer coisa do tipo. Não há festa nenhuma.
E os números comprovam. A média de público do Paulistão cai de 7,7 mil para 3,2 mil sem os quatro grandes. O quinto time com melhor média é o Botafogo, de Ribeirão Preto, com 5,6 mil. Foram 18 mil pagantes no jogo contra o Palmeiras. Sem um time grande em campo, não conseguiu colocar mais de 3 mil.
Se há tamanha insistência na manutenção dos Estaduais, o interior precisa ser visto com um carinho muito maior. Se uma equipe como o Bragantino prefere inverter o mando de campo nas quartas de final, então a lógica do torneio está toda invertida.