O Flamengo conseguiu um feito raro dentro do universo do futebol. Numa decisão histórica, o clube força, por estatuto, que seus dirigentes sejam menos irracionais. A bandeira levantada por Bandeira de Mello é a de que o clube precisa ser austero, nem que precise ser forçado a isso.
Mas será que isso se manterá?
A falta de uma política de governança dentro dos clubes de futebol é hoje uma das grandes responsáveis pelo aumento assustador das dívidas e pelos absurdos gerenciais que são cometidos a torto e a direito.
Ao impor, pelo estatuto do clube, que a boa gestão tem de ser uma regra dos dirigentes, o Flamengo dá um enorme passo para ser o grande protagonista do futebol brasileiro.
Com o esporte cada vez mais profissional, uma boa gestão se transforma rapidamente em sinônimo de bons resultados dentro de campo.
O Corinthians é a prova disso. Em sete anos, saiu da Série B para a conquista do mundo e, hoje, volta a ter problemas para pagar em dia.
O que o Flamengo quer é, numa gestão que obriga o dirigente a ser racional, se diferenciar dos demais clubes e, assim, ser vitorioso dentro de campo. O grande problema dessa mentalidade é que ela é válida hoje, dentro da conjuntura da atual diretoria e com os atuais associados.
Será que, com um desempenho em campo abaixo do esperado, o clube não muda o estatuto? A sede por vitórias de torcida e cartolas não falará mais alto que a austeridade? Ainda mais num ambiente em que isso não é regra pra todos os clubes?
Esse é o maior desafio do clube, não mexer, de novo, no seu estatuto.