A Fórmula 1 sobreviveu bem no Brasil sem um piloto do país. A Globo manteve a competição em evidência, com a manutenção do pacote de publicidade, e o GP do Brasil foi um sucesso. Mas isso não significa que a competição não precise de ídolos. Ao contrário. A falta de pilotos com maior simpatia popular, independentemente da nacionalidade, limita um maior alcance da categoria.
Hoje, o grande ídolo da Fórmula 1 é Lewis Hamilton, mas o piloto está longe de ser o popstar que costuma levantar o esporte. Um bom modo de medir isso é pelos patrocinadores. Segundo a Forbes, o inglês é o 12º atleta mais bem pago do mundo, mas recebe apenas US$ 9 milhões em aportes. É menos do que, por exemplo, Russell Westbrook, da NBA, ou Virat Kohli, do críquete.
Na Fórmula 1, só há mais um nome na lista da Forbes: Sebastian Vettel. Quando se trata de patrocínio pessoal, no entanto, o alemão fica com míseros US$ 300 mil.
Não é difícil de entender isso. Além do perfil mais discreto dos pilotos, ao longo das últimas décadas foi construída uma imagem de personalidades inacessíveis entre as estrelas da F1. Quando apareciam para o público, a postura arrogante acabava predominando.
A falta de tato para a própria imagem pôde ser vista neste domingo (11), no GP do Brasil. O jovem ídolo holandês Max Verstappen gerou uma imagem absolutamente constrangedora em São Paulo ao trocar agressões com o francês Esteban Ocon.
Uma melhor gestão de imagem dos pilotos deveria ser uma preocupação para a Liberty Media nessa caminhada de reconstrução da Fórmula 1. Talvez o velho estilo de piloto arrojado de antigamente tenha um apelo limitado atualmente. E, com a velha fórmula, o carisma fica fechado ao público mais tradicional da categoria. Pode parecer bobagem, mas entender o porquê de Sebastian Vettel ter menos da metade de seguidores no Instagram em relação ao tenista Andy Murray, por exemplo, precisa entrar na pauta de questões primordiais para a competição dar o salto desejado nos próximos anos.
O GP do Brasil sobrevive bem sem um brasileiro, mas o Brasil só parava inteiramente para assistir à prova quando Ayrton Senna estava na pista. É normal: um grande ídolo tem a capacidade de parar multidões, mesmo aquelas que não têm interesse pelo esporte.
Hoje, a Fórmula 1 tem precisado de nomes comercialmente mais fortes, que possam atrair jovens, novos fãs. Uma grande personalidade tem a capacidade de unir uma audiência maior e, por consequência, novas marcas interessadas no produto.