O futebol brasileiro vive nos surpreendendo com novos “fundos do poço”. Parecia que nada podia ser pior do que a incapacidade da CBF em realizar o Brasileirão de 1987, mas quando o alambrado de São Januário foi abaixo, em 2000, com um campeonato inventado após uma série de tapetões, viu-se que sempre pode ficar pior.
Essa tem sido a regra do futebol nacional: evoluir muito pouco e sempre primar pela falta de organização e seriedade. Por isso mesmo, é muito difícil cravar o caso Atletiba como um ponto definitivo na realização de torneios estaduais e na relação entre clubes e federações. Mas é inegável que os acontecimentos do último domingo foram um dos mais patéticos da história do nosso esporte.
A verdade muito bem conhecida por todos é que os Campeonatos Estaduais são uma enorme furada. Como explicitaram Atlético e Coritiba, eles rendem pouquíssimo. Os jogos são um horror técnico, e arquibancadas vazias são a regra. No fim, fica a várzea de quem prioriza as mesquinharias, como foi a Federação Paranaense.
Os embates entre times, federações e televisão têm crescido nos últimos anos. No Campeonato Carioca, teoricamente o segundo mais rentável do país, isso já estava explícito; o Flamengo lutou até o último momento por acordo melhor. Com a Primeira Liga, o caso foi extremo: a CBF obrigará o Inter a fazer duas partidas em 24 horas.
Com a decisão de ignorar a Globo e a federação, Atlético e Coritiba fizeram a ação mais ousada que times grandes já realizaram contra as entidades. No entanto, há pouco espaço para otimismo aqui. Pelo histórico do futebol brasileiro, pouco mudará. E o processo de profissionalização desse esporte, algo tão desejado pelo mercado e pelos próprios torcedores, ficará para outro momento. Resta torcer para estar errado.