Em tempos de discussão sobre o quão daninha foi a ditadura para o Brasil, questionar a legitimidade dos protestos dentro do futebol é um retrocesso. Fazer do árbitro uma figura soberana, porém falível, pode ter sido uma das decisões mais acertadas do Campeonato Brasileiro deste ano. O debate em torno do profissionalismo do apito no país é absolutamente salutar e necessário.
O silêncio é o pior adubo em situações de crise. Falar, expor ideias e debater à exaustão é a saída para buscar soluções por melhorias em um terreno que está à deriva há muitos anos no futebol brasileiro e dá claros sinais de que precisa de capacitação.
Não se trata de colocar em xeque a boa-fé dos árbitros, nem exaltar a existência de um esquema de favorecimento a X ou Z. Acusações infundadas são tão imprudentes quanto calar a insatisfação latente com uma das peças fundamentais da engrenagem do esporte. A questão é, justamente, proteger – com investimento e qualificação – quem tem a última palavra a cada partida.
O Bom Senso FC nasceu em circunstâncias semelhantes para fazer contraponto às decisões antes irrefutáveis da CBF e é inquestionável o quanto a criação do movimento dos jogadores representou uma evolução no futebol. À época, houve quem dissesse que a iniciativa era exagerada e manipuladora. A história se repete. Esperamos que tenha o mesmo final feliz.