A retomada do investimento da Topper em clubes de futebol escancara uma realidade complexa do mercado brasileiro para as marcas esportivas.
Para ter sucesso em vendas, o futebol precisa ser parte do investimento de uma marca, mesmo que a conta não feche, como mostra a entrevista que fiz com Leonardo Chamsin, CEO da BR Sports, empresa dona da Topper.
Se o objetivo da marca é vender mais e para todo tipo de público, ela precisará gastar alguns milhões para ter uma operação dentro do futebol. E o caso da Olympikus é emblemático para mostrar essa realidade. A marca, que por décadas foi patrocinadora do Comitê Olímpico Brasileiro e do vôlei, entrou no Flamengo em 2009.
O negócio impulsionou de tal forma a marca da Olympikus que ela passou a desbancar Nike e Adidas em pesquisas de lembrança de marca durante os dois anos de parceria com o clube.
O problema foi que, além de o negócio não ser rentável, a marca fez uma série de outras escolhas infelizes, não relacionadas ao patrocínio esportivo, e inviabilizou a manutenção do investimento no esporte como um todo.
E é exatamente isso que as marcas precisam ficar atentas, especialmente as de origem 100% brasileira. Todas foram fortes nas décadas de 80 e 90, quando a concorrência com as grandes marcas internacionais não existia, bem como o negócio clube de futebol.
O futebol é uma vitrine essencial para a marca, mas ele não pode representar um risco para a saúde financeira da empresa. Resta saber qual batalha perder. A de ter um clube grande ou de ter a empresa menor, mas saudável.