Li outro dia um comentário de um famoso jornalista que questionava a badalação do Campeonato Inglês com o seguinte argumento: “mais uma vez nenhum clube inglês está nas semifinais da Liga dos Campeões”.
A tentativa que boa parte da mídia ainda tem de desmerecer o futebol da Inglaterra pelo aparente insucesso dos clubes do país nas ligas europeias demonstra uma visão ainda muito fraca de que uma coisa precisa, necessariamente, estar relacionada à outra.
O Campeonato Inglês é, com folgas, o torneio nacional entre clubes mais bem-sucedido que existe. Por total competência na gestão do futebol na Inglaterra, o campeonato é imprevisível, os clubes ganham uma bolada de grana da TV e, ainda, os estádios estão cheios e patrocinadores não faltam.
Diferentemente dos campeonatos da Itália, da Espanha e da Alemanha, em que mais de uma dezena de clubes é apenas figurante na competição, na Inglaterra até os pequenos têm aprontado. E por que os clubes da ilha não chegam fortes à Liga dos Campeões. O problema é que a receita do sucesso dos ingleses torna mais difícil para os grandes craques mundiais quererem jogar lá. É mais interessante para Messi, Neymar ou Cristiano Ronaldo disputar um Espanhol e arrebentar do que enfrentar a dura liga da Inglaterra.
Além disso, nos outros países a verba da TV é concentrada nas grandes potências, que assim conseguem montar equipes cada vez mais fortes, sem ter de dividir a receita com os menores.
Se o Brasil quiser olhar o futuro, deve, necessariamente, se espelhar no modelo da Inglaterra. Mas, enquanto a mídia ainda achar que ir bem na Liga dos Campeões é sinônimo de sucesso na gestão do futebol, isso será difícil.