O dia 27 de maio pode se tornar histórico para a indústria do futebol. Pela primeira vez prenderam-se dirigentes de futebol pelos abusos que são cometidos por eles praticamente desde que se chutou a primeira bola.
O que ocorreu na quarta-feira tende, porém, a ser pouco perto do que pode se desenrolar do caso. Se o escândalo subir as escadarias da Fifa, o futebol terá pela frente uma chance única de vivenciar a reinvenção.
A fórceps, como costumam ser as mudanças no mercado da bola, mas uma profunda e necessária transformação na cadeia produtiva do futebol, esporte que mais mobiliza pessoas e, naturalmente, dinheiro.
Se as lideranças que hoje estão no mundo da bola forem, uma a uma, sendo extraditadas para uma prisão no “Padrão Fifa”, o futebol terá de, à força, reciclar seus dirigentes. E isso tem uma ligação direta com o perfil de quem trabalha no mercado.
Muito do que se estourou no escândalo que tem J. Hawilla na delação premiada é sabido, há tempos, como prática de mercado. Mas será que não há outro meio de se fazer negócio com o esporte sem ser de forma escusa? Será que o futebol não poderia ser maior do que é se as empresas jogassem limpo em vez de se submeterem ao suborno?
É possível ser honesto e bem-sucedido profissionalmente. As marcas não precisam pagar por fora para ter um bom negócio. Essa ainda parece ser a regra em boa parte da vida.
E, pelo visto, é esse o maior legado do escândalo desenvolvido pelo FBI. O futebol terá de se repensar como estrutura. Isso obriga, de fato, a se ver e agir como uma indústria.