O anúncio de que o YouTube fechou com a Copa do Nordeste para 2020 foi precedido de uma apresentação feita por Ana Sard, responsável pela área de esportes ao vivo do YouTube no México, em que a executiva mostrou como a plataforma tem sido usada no país para transmitir futebol.
LEIA MAIS: Em acordo inédito, Copa do Nordeste será transmitida no YouTube
O conteúdo mostrado por Ana, somado ao comportamento que o Facebook tem tido dentro desse tema, aponta para um hábito específico das plataformas de streaming que pode mudar radicalmente a forma como consumimos esporte ao vivo.
Quando o esporte começou a ir para o streaming, acreditávamos que o hábito de consumo das pessoas seria similar ao que aconteceu no mercado de entretenimento. A ruptura trazida pela Netflix foi nos dar uma enorme gama de opção de consumo a qualquer hora. Por isso, continuamos a usar a TV como veículo para assistir vídeos. O que mudou não foi o meio, mas o modo como consumimos. Em vez de ter um restaurante self-service, em que quem decide o que terá na mesa é o dono do restaurante, passamos a ter um menu à la carte, em que podemos escolher entre várias opções.
No esporte, porém, a história é outra. Não queremos ter a opção de escolher o momento para consumir aquele produto. Nós sabemos a hora em que o evento vai acontecer. Só precisamos estar com um dispositivo próximo para poder acompanhar. Ou seja, a história é outra. O consumo não depende do meio, mas do interesse.
E, nesse caminho, a história ganha novos contornos. A interação do público com o evento é que torna mais relativo um ou outro meio para acompanhar um jogo. O que Facebook e YouTube oferecem hoje para o consumidor é uma plataforma de interação em tempo real. É a tal da participação do “amigo internauta” sem filtro e sem cortes, não na distante relação da TV até o consumidor, mas diretamente na tela mais próxima dos nossos olhos. A força, então, não é só do evento, mas a capacidade que eu tenho de me conectar com ele e também de ser um membro ativo daquela transmissão.
Nos últimos anos, passamos boa parte do tempo assistindo ao esporte e comentando no Twitter aquilo que acontecia. Agora, com o streaming, esse hábito começa a migrar para dentro da ação no tempo real. Não por acaso, o Facebook tem investido nas “Watch Parties”, em que criamos, pela própria plataforma, um grupo fechado para assistir a um evento ao vivo, como se estivéssemos na sala de casa.
A chave para o streaming, no esporte, é a interação. A TV que se prepare para prover esse serviço.