Um dos torneios mais tradicionais do tênis mundial, Roland Garros quer ganhar mais com uma das dez maiores economias do mundo, o Brasil. Uma entidade esportiva forte, altamente profissionalizada e com um produto de grande apelo deveria ter algumas facilidades para conseguir parceiros neste mercado, mas não é exatamente o que acontece. Os próprios franceses sabem disso.
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Sabem, primeiramente, pelo próprio tênis. O avanço de Roland Garros ao mercado brasileiro não chega a ser inédito. Desde 2015, o torneio aumentou o foco no mercado nacional, atrás de novos torcedores, patrocinadores e produtos licenciados. Mas a vida não tem sido fácil. Foram poucos os avanços concretos, aqueles que geraram receita significativa direta à organização da competição de tênis.
Não é o único francês nessa situação. O Paris Saint-Germain olha com carinho para o mercado brasileiro, com homenagens que chegaram até à cor do uniforme 3 do time. Mas, apesar dos possíveis ganhos com licenciados e com TV, as ações não foram suficientes para gerar um patrocínio local. Apenas ativações específicas de parceiros como Accor e Nivea.
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Único time que gozou desse privilégio foi o Barcelona, com o Tenys Pé Baruel, em acordo para o Brasil, e com a Gillette, para a América Latina. Após a saída de Neymar, o mercado perdeu esse interesse.
Não é o que acontece com outros mercados. O Manchester United, por exemplo, tem acordo local até na Nigéria, um país mais pobre que o Brasil. Em maio deste ano, o próprio torneio de Roland Garros fechou com a Oppo, primeira marca chinesa na história do torneio francês. São realidades que parecem distante do que acontece aqui.
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Há uma explicação otimista para a resistência de marcas brasileiras a grandes produtos do esporte internacional: o segmento mais desenvolvido no Brasil. Uma marca que vê grandes vantagens no tênis pode preferir as ativações mais próximas no Rio Open. Quem quer futebol pode ver mais vantagens nos times nacionais ou na própria seleção brasileira. A marca chinesa que quer explorar o futebol tem menos opções.
A visão pessimista está no desinteresse das marcas no esporte de maneira geral. Talvez tenham empresas que, por exemplo, achem bobagem investir num ativo esportivo que não apresente entrega de exposição. Nesse caso, a presença do esporte internacional deve ser mais tranquilizadora do que preocupante: não há ninguém melhor para espalhar entre as companhias as vantagens de estar nesse segmento.