O acordo entre Palmeiras e Puma mostra um novo patamar de negócio envolvendo fornecimento de material esportivo no mercado brasileiro.
Enquanto enaltecemos o fato de que finalmente as marcas estão forçando os clubes a se profissionalizarem na gestão de seus negócios, temos de ver que essa própria profissionalização pode levar a forçar a criação de um abismo financeiro entre os times de maior torcida em relação aos menores.
Como a maioria dos novos contratos é feita tendo como premissa a produtividade em vendas, isso leva a um maior interesse dos clubes em aumentar a receita a partir de promoções.
É só assim que se começa a coibir algumas práticas esdrúxulas do Brasil, como a doação de camisa a conselheiros dos clubes, ou a entrega de kits de uniformes a amigos dos amigos dos amigos de algum alto dirigente.
Só que, na outra ponta do negócio, está o potencial de venda de cada clube. E, aí, estatisticamente, quatro times hoje têm de fato um potencial grande para faturar mais: Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeiras.
Os demais clubes, que também têm de buscar mais dinheiro a partir da produtividade de vendas, ficarão num segundo escalão no fornecimento de uniformes. Como os clubes, por aqui, ainda não conseguem ser marcas globais, não veremos nunca acordos grandes que envolvam times médios em relação a número de torcedores.
Na próxima década, os quatro maiores vendedores de camisa deverão ter uma receita quase dez vezes maior do que os demais clubes de maior torcida do país. Isso, no longo prazo, é um enorme problema para os gestores.
Principalmente se a mentalidade deles continuar a ser megalomaníaca.