Análise: Não falta patrocínio, falta projeto ao COB

A entrevista coletiva do presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, horas antes do Prêmio Brasil Olímpico, mostra a situação de fundo do poço que o esporte chegou após o fim dos Jogos do Rio 2016.

Neste início de ciclo olímpico, o COB não conseguiu renovar com nenhum patrocinador. Não bastasse isso, o comitê Rio 2016, também presidido por Nuzman, acumula um débito de R$ 90 milhões. Para o dirigente, nada para se preocupar, pois “essa dívida é de cerca de 1%” dos custos operacionais do evento.

Embora diga que o comitê já conversa com empresas, não há nenhum sinal concreto de patrocínio ao Time Brasil. Estamos quase em abril. O Carnaval já passou. Os borderôs das companhias estão praticamente definidos.

Em um contexto de crise econômica, pode-se argumentar que essa sangria financeira era esperada. Porém, confederações com bons trabalhos, como judô e rúgbi, que já foram tema de outra coluna, mostram que é possível fidelizar parceiros comerciais.

Para completar, patrocinadores, como Bradesco e Nissan, nem podem ser acusados de oportunistas ao se beneficiarem dos holofotes do Rio 2016. Ambos não deixaram o esporte. Deixaram o COB.

O banco privado mantém programas de alto rendimento em basquete, handebol, vôlei, judô, ginástica artística, esgrima, levantamento de peso e triatlo. Também patrocina as confederações de judô, rúgbi (olha elas aí de novo!) e vela. Já a montadora relançou seu time de atletas, com representantes de vôlei de praia, maratona aquática, tênis de mesa, ciclismo e badminton, além de paralímpicos.

Como se vê, há uma boa diversidade nesse grupo e um saudável legado de patrocínio privado ao esporte olímpico brasileiro. Ao COB faltou um projeto para o pós-2016. 

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