Ingrid Oliveira é, como qualquer jovem de 20 anos de idade, adepta das redes sociais e, especialmente, do Instagram. Há uma semana, Ingrid publicou uma foto em seu perfil com a legenda “Primeiro treino”.
Ela estava sobre a plataforma de salto da piscina onde ocorreram as disputas dos saltos ornamentais do Pan-Americano de Toronto.
A foto virou notícia. Não pelo treino realizado pela atleta, mas pela imagem de seu corpo na foto.
A imagem tem 16,2 mil curtidas e mais de 2 mil comentários. As fotos tiradas por Ingrid antes dessa raramente chegavam a mil curtidas.
Após virar notícia pela beleza de seu corpo, Ingrid ganhou mais de 50 mil seguidores no Instagram e foi alçada ao status de “atleta-musa”, a modalidade olímpica caça-clique adotada pelos sites em busca de números para justificar ao anunciante.
O caso mostra como a notícia, no esporte, deixou de ser o esporte para ser o atleta visto como celebridade. Nos anos 80, sem TV a cabo e internet, atletas-musas recorriam à Playboy para ganhar mídia e talvez assim uma verba de patrocínio.
O veículo, porém, só falava do atleta dentro da competição. Hoje, a regra mudou. A ordem é destacar o lado “muso” do atleta, ainda mais com a facilidade das redes sociais.
Ah, sim. Ingrid foi prata no salto em dupla. A foto com a medalha não teve grande destaque na mídia. Resultado? Metade das curtidas e um terço dos comentários no Insta…
A mídia precisa rever os critérios do que é notícia no esporte. Não só pelo bem do Rio-2016, mas até para sobrevivência dela pós-Olimpíadas.