A apresentação do novo patrocínio do Corinthians gera uma boa impressão inicial: o mercado esportivo brasileiro mudou. É essa a mensagem central que passou o diretor de marketing do clube, Luís Paulo Rosenberg, no anúncio do aporte. O posicionamento do clube e do próprio dirigente parecem distantes daquele que popularizou o excesso de marcas no uniforme.
O problema é que é difícil não ver com ceticismo o movimento criado, especialmente sem ter ainda informações mais detalhadas do que o contrato envolve, o tal do projeto em conjunto que poderia render ainda mais aos cofres alvinegros.
A presença do BMG no futebol está longe de ser uma novidade. A marca entrou em peso no esporte no fim da década de 2000, ainda com a imagem arranhada pelo envolvimento da companhia no Mensalão, o escândalo de compra de votos no congresso organizado pelo Governo Lula. Ricardo Guimarães, dono da empresa, foi condenado a sete anos de prisão.
Em 2012, ano da sentença, a empresa tinha aporte a 28 times de futebol. A presença no esporte, no entanto, já estava longe do objetivo da marca. O BMG se tornou um dos mais influentes agentes do futebol brasileiro em negociações com jogadores, com parcerias que envolveram, inclusive, ídolos recentes do Corinthians.
Com esse histórico, é natural a dificuldade para entender o banco como propulsor de um projeto moderno dentro do futebol. Em 2012, alguns clubes ficaram em uma situação curiosa no mercado de patrocínios esportivos: eles deviam ao BMG, o que tornava qualquer negociação um pouco mais complexa. Ativação de marca nunca foi o interesse maior.
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Dessa maneira, a primeira impressão deixada no discurso no Corinthians pode ruir com facilidade. O real objetivo do BMG com o clube, com o tal do projeto a ser apresentado na próxima terça-feira (22), pode responder com maior precisão o quanto que o mercado de patrocínios no Brasil realmente evoluiu nos últimos dez anos.
Uma parceria focada em exposição e em compra de atletas não apagará o real caminho já percorrido pelo segmento, mas deixará claro que essa é uma saga ainda de passos curtos, com apenas nobres exceções. Por outro lado, um projeto bem consolidado e bem-sucedido pode representar o salto que o esporte nacional precisava enxergar. Com valores altos, o Corinthians voltou a mostrar sua força de marca. Se seguir o próprio discurso, pode mais uma vez mudar o mercado esportivo do Brasil.