É justo o Palmeiras bater o pé e tentar a melhor negociação possível para o novo contrato de TV aberta e pay-per-view. Mas não é justo o palmeirense ser privado de ter contato com o time em quase 70% do Brasileirão.
Na lógica do torcedor mais fanático, a diretoria do Palmeiras está certa, já que a Globo sempre prejudica o clube em detrimento dos “queridinhos da mídia”. Então, para ele, não existe qualquer problema em o clube não assinar com a emissora. Pouco importa para ele se apenas 12 jogos do Palmeiras no campeonato poderão ser vistos na TV, sendo que muito provavelmente o clube dispute o título da competição.
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O problema é que a porcentagem de torcedores fanáticos dentro de um espectro de uma torcida de futebol é menor do que 5%. Ou seja, não devem existir nem ao menos 1 milhão de palestrinos fanáticos que pensam dessa forma tão radical.
Só que e os outros palmeirenses? Será que o clube pesquisou com seu torcedor o que ele realmente quer? Seria melhor alguns milhões a mais para o clube investir em mais jogadores ou será que ele apenas quer poder sentar e ver um jogo do seu time?
Há dois meses, fiz o mesmo questionamento a Mario Celso Petraglia, homem-forte do Athletico Paranaense. Ele se esquivou de responder e disse apenas que fazia o melhor para o clube. Um mês depois, assinou contrato com a Globo para os jogos do clube serem exibidos na TV aberta. Foi a certeza dessa exposição que assegurou ao clube fechar o patrocínio máster com o Banco Renner e estampar Digi+ na camisa.
O Palmeiras tem o apoio de sua patrocinadora em exigir mais na negociação com a Globo, só que tudo indica que o clube está flertando com uma situação que pode ser destruidora no médio prazo para seus negócios. Será que o clube já tentou mensurar o quão prejudicial é se afastar de forma abrupta do seu torcedor? Por mais que as redes sociais encurtem a distância, o Palmeiras simplesmente ficará restrito a um público que é muito menor que os seus pretensos 15 milhões de torcedores em todo o país.
O jogo duro com a Globo só se sustentaria se houvesse outra alternativa para negociar um contrato melhor. Hoje, o Palmeiras só tem um caminho para escolher se quiser continuar a ter sua marca exposta para o maior número possível de torcedores.
Não assinar o contrato para ter jogos na TV aberta e no pay-per-view é um tremendo desrespeito do clube com o seu torcedor. Por mais que alguns fanáticos insistam em achar que é obrigatório mostrar que o clube tem mais poder do que a Globo.