Uma simples necessidade de retardar o início do jogo de domingo do Campeonato Brasileiro mostrou que existe espaço para mudar o horário de transmissão das partidas e, dessa forma, todos saírem ganhando.
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A tarde de domingo sempre foi vista como o horário nobre do futebol na TV. Numa época em que havia menos opção de lazer e pouca variedade de canais para o consumidor, sem dúvida que havia lógica dentro desse raciocínio. Tínhamos muito mais hábito de reunir as famílias para o almoço de domingo e, assim, acompanhar o futebol servia meio que como uma extensão da nossa rotina num país de poucas opções.
Mas o tempo passou, diversas novidades chegaram, o conceito de família se reinventou e, hoje, o que funcionava há 15 anos não necessariamente dá mais certo. Já há algum tempo o horário das 16h para iniciar um jogo aos domingos passou a não ser tão legal assim. Os almoços das famílias, quando existem, ficam interrompidos por quem tem que sair antes para ir ao estádio. Acompanhar o jogo pela TV já não é tão bacana assim se temos internet, smartphone e videogame ao alcance de todos. Até mesmo no estádio a presença do público, quando o clima ajuda, é prejudicada.
Por que, então, não mudamos antes o horário de início dos jogos no domingo? É essa a pergunta difícil de ser respondida, por mais que a resposta pareça óbvia.
Até agora, os casos de sucesso recente do Brasil são muito mais frutos do acaso do que resultado de uma pesquisa de hábito de consumo do futebol por parte do torcedor. O jogo de domingo às 11h surgiu para atender a uma determinação policial que impedia protestos na rua e partida do Paulistão ao mesmo tempo. O sucesso foi tão grande, no público em casa e no estádio, que surgiu um novo horário no Brasileirão.
Agora, mais uma vez por força de uma lei, mexemos na grade do domingo, e o resultado mostra que talvez o público esteja a fim de novidade para o esporte mais praticado e assistido do planeta. Sem ter uma liga, o futebol fica à mercê de atender aos interesses apenas de quem promove o evento, que é a TV. Muitas vezes isso gera algumas aberrações, como a realização de três partidas simultaneamente para atender a índices de audiência, deturpando o conceito de que uma competição precisa ter todos os jogos ao alcance do torcedor.
A sorte, porém, é que parece que ao menos dessa vez o interesse das duas partes segue para o mesmo lado. A mídia é o maior financiador do esporte. Mas ela está longe de ser quem tem direito a dar a última palavra sobre quando um jogo começa.