A discussão aberta pelo Atlético Paranaense sobre a venda de um pacote de melhores momentos do futebol é, de fato, importante para se desenvolver mais o negócio. Mas, a partir do instante em que ela é feita sem o respaldo de qualquer outro clube, parece muito mais uma luta que o Furacão ganhará dentro do Paraná, mas dificilmente alcançará todo o Brasil.
A disputa não é novidade para o clube. No começo dos anos 2000, o Atlético abriu fogo contra as rádios que transmitiam os jogos do time sem pagar pelos direitos. Exigiu dinheiro, peitou o sistema. Foi um movimento que ganhou baixíssima adesão de outros clubes, e acabou solucionado caseiramente, só com rádios do Paraná.
Em 2010, o Atlético foi um dos mais ferrenhos opositores à ideia de fechar acordos exclusivos de televisão, que implodiram o Clube dos 13 e fatiaram os direitos de TV do Brasileiro entre os clubes, tirando qualquer chance de haver uma barganha coletiva.
É isso o que impede, agora, que o Atlético tenha a adesão dos outros clubes. Não há, no esporte brasileiro, a conscientização de que o dono do conteúdo é o esporte, não a televisão.
Quando argumenta que os clubes deveriam vender os direitos aos melhores momentos de uma competição, o Atlético prega no deserto. Ninguém consegue entender que existe essa propriedade, porque, desde sempre, são as emissoras de TV as responsáveis por captar e veicular, como bem querem, imagens de competições esportivas.
Historicamente, as emissoras exibem o que querem, já que são elas que captam e distribuem as imagens entre os demais players do mercado.
E o esporte, que é o verdadeiro dono do conteúdo, nunca exigiu o que lhe é de direito. O Atlético usa a fragilidade local para levantar a questão. Mas, nacionalmente, a luta já está perdida.