Trabalhar com o público infantil não é uma novidade no futebol brasileiro, mas é difícil encontrar um projeto mais sólido, com planos em longo prazo e uma plataforma de ações para se aproximar dos mais jovens. A recém-lançada “Liga dos Mascotes” chega para suprir essa necessidade, mas precisa ser abraçada pelos clubes com mais ênfase. Caso contrário, será apenas mais uma iniciativa pontual entre as principais equipes do esporte nacional.
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É curioso como, informalmente, existe o receio do avanço dos times europeus entre os mais jovens do Brasil, mas pouco se faz para cativar crianças desde cedo. O futebol tem a capacidade de criar experiências marcantes não só para os adultos mas também para os futuros torcedores. A infância é um momento primordial para a fidelização. Não é uma simples publicidade, mas uma relação lúdica de longo prazo a ser criada com os fãs mais novos.
No início da década, houve um movimento maior no Brasil, especialmente nas mídias sociais, para a criação de conteúdo infantil. Não houve continuidade, no entanto. Hoje, alguns clubes no país apostam com mais ênfase nas mascotes como porta de entrada para o futebol, mas parece pouco e ainda inconsistente.
Nos Estados Unidos, essa cultura de inserção do público infantil é mais consolidada. No Boston Red Sox, da MLB, por exemplo, o estádio conta com uma área interna dedicada aos mais jovens. No local, há atividades que tentam aproximar as crianças do esporte, e não simplesmente distraí-las durante o evento. São ações simples, como um jogo de beisebol com realidade virtual e um espaço para medir a velocidade dos arremessos.
As ações são puxadas pela mascote “Wally the Green Monster”, criada em 1997 e usada efusivamente na comunicação da equipe, inclusive nas transmissões das partidas. Em 2017, o personagem chegou até a ganhar uma animação de 30 minutos, exibida na televisão.
Os clubes de futebol só têm a ganhar quando trabalham com o público infantil. Além de convocar os torcedores mirins, a inserção de crianças na comunicação ajuda a quebrar o tom belicoso que costuma rondar o esporte. Na última década, passou a ser proibida a entrada de grupos grandes de crianças em campo junto dos jogadores, uma cena que marcava o futebol nacional, mas que ficou para trás. É algo que, de alguma forma, precisa ser recuperado e de maneira fixa e consistente. Fará um enorme bem à sustentabilidade dos negócios que cercam os gramados.