É louvável que o COI (Comitê Olímpico Internacional) corte na própria carne para tentar resgatar a credibilidade e os valores do esporte. Para quem defende uma competição mais justa e limpa, a suspensão da Rússia dos Jogos de Inverno de Pyeongchang, na Coreia do Sul, não chega a surpreender. Mas é uma pena que seja assim.
A punição russa é mais um capítulo do longo histórico recente de suspensões impostas à nação que sediou a última edição da Olimpíada de Inverno, em Sochi 2014. E que, no ano que vem, abrigará a Copa do Mundo da Fifa. Em que pese seus métodos escusos, a Rússia ainda ostenta um lugar entre as quatro maiores potências olímpicas do mundo. Fará falta.
Na Olimpíada do Rio 2016, o país foi impedido de disputar o atletismo. Para os Jogos Paralímpicos, o comitê internacional foi ainda mais duro: vetou todos os atletas russos de participar.
A punição do atletismo foi mantida no Mundial de Londres, realizado em agosto. Já seu equivalente no levantamento de peso, encerrado nesta terça-feira, nos Estados Unidos, também baniu a Rússia. Cresce a incerteza sobre a participação do país em Tóquio 2020.
Apesar da punição merecida, seria muito mais eficaz que os organismos internacionais, com a Agência Mundial Antidoping à frente, realizassem exames rígidos e efetivos. É preciso que esse trabalho seja apoiado pelas federações internacionais de cada modalidade.
Embora tenha praticado deliberadamente o doping como política de Estado, não é justo retirar dos atletas russos limpos (e eles devem existir!) o direito de representar o país e ouvir seu hino no alto do pódio.