Se há um laço que Brasil e Estados Unidos lamentavelmente mantêm é o racismo que insiste em persistir no cotidiano nos dois países. Em ambas as nações, a prática era institucionalizada com a escravidão no século XIX e, no caso dos americanos, com a segregação no século XX. Pouco tempo passou para as feridas serem curadas.
Para mudar esse panorama, há muito tempo o esporte tem uma função destacada. Seja na força de Jesse Owens frente a Hitler ou no brilhantismo de Pelé, o segmento sempre foi um especialista em unir as práticas da elite com o talento dos marginalizados.
Hoje, está muito mais claro a responsabilidade social que os clubes carregam. Eles sabem tanto disso que, entre as equipes mais profissionalizadas, não faltam exemplos campanhas de solidariedade. Mas aqueles que realmente querem responder por mudanças precisam ir além da ação que tão bem faz à imagem da instituição.
Pensar em ter pessoas não-brancas na posição de comando é uma dificuldade enfrentada por Brasil e Estados Unidos. O caso do Boston Red Sox (leia aqui) é emblemático: uma das regiões mais desenvolvidas do mundo tem dificuldade em se desvencilhar de um passado constrangedor. Ter um técnico latino é um passo fundamental para a mudança.
No Brasil, o cenário é parecido. São raros os casos de treinadores negros, cenário diferente entre os atletas. O assunto é pouco discutido. Em 2016, chegou-se a falar da importância de Cristóvão Borges no Corinthians, time com origem popular. O treinador também teve espaço no Vasco, clube com história na luta contra o racismo. Está na hora de levar o assunto com maior seriedade.