A saída de Ricardo Leyser do cargo de secretário-executivo do Ministério do Esporte representa o fim definitivo de uma era em que o PCdoB comandou o setor no país. O partido ocupou a função desde a ascensão de Lula à presidência, em 2003.
Nesse período, o esporte ganhou importância, com a vinda dos megaeventos. O Brasil, assim como no passado só Alemanha, EUA e México, tem a oportunidade de sediar a Copa do Mundo e a Olimpíada de forma consecutiva.
Por aqui, os megaeventos trazem visibilidade internacional inédita, estimulando áreas como serviços e turismo. Por outro lado, geraram fortes críticas por conta dos gastos, que chegaram a R$ 25,5 bilhões (Copa do Mundo) e, até o momento, R$ 37,6 bilhões (Olimpíada).
Com status de ministério, o esporte obteve conquistas, como a Lei de Incentivo ao Esporte, o Plano Brasil Medalha, o Bolsa-Atleta e a Medida Provisória do Futebol. No entanto, se houve enfoque no alto rendimento, o Brasil continuou pecando no escasso estímulo à base, gerando problemas para a descoberta de talentos em modalidades tradicionais do país, como atletismo e basquete.
De perfil técnico, Leyser cobrava publicamente projetos e resultados às confederações, todas beneficiadas por verba estatal. Durante sua gestão na Secretaria de Esporte de Alto Rendimento, o Ministério do Esporte avalizou o plano megalomaníaco do COB de colocar o Brasil no top 10 do quadro de medalhas do Rio-2016.
Com a saída de Aldo Rebelo da pasta, no início do ano, parecia que esse ciclo chegara ao fim. Leyser, porém, foi necessário ao novo ministro, George Hilton, que confessou nada entender de esporte, mas sim de gente. Com o tempo, esse know-how fez ocupar muito mais espaço do que o titular da pasta gostaria.
Sem ele, caberá ao PRB a tarefa de gerir as ações governamentais em relação à próxima Olimpíada. Abrindo mão da experiência do único gestor que acompanhou todo esse processo desde a candidatura do Rio. Não é pouco desafio.