É histórico no Brasil: se a seleção brasileira vai bem, a sujeira política corre maior sossego. Quando não respinga em Brasília, invariavelmente sobra para a CBF. Foi assim nos anos de Ricardo Teixeira, que fez o que bem entendeu na entidade enquanto o time triunfava em copas do mundo.
Pois bem, a seleção brasileira está novamente forte. E a pressão dos 7×1, que bateu diretamente em José Maria Marin e ainda sobrava para Marco Polo Del Nero, já parece distante da realidade de um time que desponta como favorito ao título mundial de 2018, na Rússia.
Não é por acaso que Del Nero, o dirigente que se recusa a sair do país com medo de ser preso, fez uma manobra política das mais ordinárias na última quinta-feira, mesmo dia que a seleção goleou o Uruguai no Estádio Centenário, em Montevideo. Em assembleia no Rio de Janeiro, o dirigente determinou que os votos das federações passam a valer mais que os votos dos clubes. Um golpe pela manutenção da mediocridade na CBF.
Esse é um erro que o esporte nacional não pode mais se dar ao luxo: ignorar as falcatruas políticas da CBF por misturar o sucesso da seleção com o sucesso de gestão. A CBF permanece abarrotada de problemas, que vão desde escândalos de corrupção às manobras políticas citadas.
Entre os patrocinadores, a CBF já perdeu grandes marcas, e a maioria da reposição foi com empresas que têm patamar inferior de imagem. Ainda assim, com a força atual, não será improvável que a seleção brasileira seja mais uma vez entendida como um bom produto.
O problema é que esse mérito estará novamente nas mãos de Neymar, Tite e companhia, e não de gestores sérios no comando da confederação do esporte mais popular do Brasil.