Por mais que ele tente, é impossível desgrudar o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, do escândalo que envolveu a Fifa nesta semana. Seu fiel parceiro, José Maria Marin, está preso. Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, as propinas eram divididas entre os dois. Ou seja, o seu comando no futebol brasileiro nunca esteve tão frágil.
Del Nero sempre tratou opiniões divergentes sobre o futebol com o mesmo autoritarismo que a CBF adota desde a fundação, no fim da ditadura. Desde os protestos de torcidas contra o aumento de preço dos ingressos do Paulistão, no início da década passada, até a criação da MP do futebol, sua postura sempre foi a mesma, de repulsão ao diálogo.
Agora, suas mãos estão atadas (não literalmente). E isso deverá fazer com que seus rivais emerjam diante da situação. Entre eles, claro, aqueles políticos que acreditam na MP do futebol, tão criticada pela CBF. Outro grupo suprimido nos últimos meses que poderá ganhar força é o Bom Senso FC. Quem será o representante legítimo que defenderá o calendário atual?
Há, por outro lado, um problema que o futebol brasileiro deverá viver e que, caso não seja contornado, coloca a quebra do status quo em perigo. Não há, hoje, uma liderança de oposição. E o maior indício disso é o modo como clubes e federações elegeram Del Nero, quase unanime.
De qualquer forma, a sensação de “limpeza” deve ser celebrada. Como a Visa disse ontem, um ambiente limpo é fundamental para a segurança de qualquer investimento. Qualquer investimento lícito, claro.