O técnico do Internacional, Guto Ferreira, fez uma infeliz declaração em coletiva de imprensa na última terça-feira: afirmou que a repórter não entenderia sua colocação por ser mulher e não ter jogado futebol. Foi o futebol sendo mais uma vez machista.
Guto Ferreira já pediu desculpas e, ao assistir à entrevista, fica claro ter sido apenas uma infelicidade. Mas, ainda assim, revela como o futebol permanece com a bizarra mania de marginalizar a mulher.
Foi assim recentemente com o caso da Nike com a camisa 2 do Corinthians. Com argumentos baseados em demanda, a empresa negou o modelo feminino. Após receber protestos das torcedoras, teve que voltar atrás.
O grande problema é que pequenas gafes soam muito mais hostis ao público do que qualquer campanha de inclusão possa soar acolhedora. Mesmo sem ter sido intencionalmente maldoso, o técnico do Inter dá um problema grande ao futebol. Menos mal que sua postura posterior tenha sido tão elegante.
O engraçado é que clubes de futebol falam, com frequência, em tentar internacionalizar a marca, em busca de um novo público. Mas a maioria das equipes tem dificuldade de falar com o próprio público. E a incapacidade de fazer desse um espaço também feminino é o maior exemplo disso.
Em 2016, um levantamento do Revista Época mostrou como mulheres eram minorias entre os sócios-torcedores dos times. Inter, com 22%, e Corinthians, com 19%, eram com sobras os times que proporcionalmente mais tinham público feminino em seus quadros de associados.
O futebol ainda falha na questão, perde dinheiro e dá mau exemplo.