Toda vez que o futebol sai da Globo tem como consequência sofrer com a baixa audiência. Quando a migração é para serviços pagos, como televisão fechada e pay-per-view, o movimento é natural, já que o acesso ao conteúdo é restrito. Mas, quando a mídia é gratuita, há um claro sinal de que há falha na promoção do evento na nova mídia, seja ela um canal de televisão ou meio na internet.
A última “vítima” disso foi o Cruzeiro, o primeiro time brasileiro a ter uma transmissão exclusiva no Facebook. O jogo do time nesta quinta-feira (7) teve pico de 320 mil visualizações. O número parece alto para uma exibição por streaming, mas é bastante baixo caso seja considerada a audiência normal da Globo.
Se as 320 mil visualizações fossem somente em Belo Horizonte, o que não foi o caso, o número representaria 6 pontos na audiência da televisão na capital mineira. Isso de pico, não de média. É muito pouco para um time popular em uma rede gratuita com amplo acesso, mesmo com os problemas de exibições apresentados em conexões mais lentas.
O ano tem sido bom para medir o poder de promoção dos times sem a Globo. Outro exemplo tem sido a RedeTV! com a transmissão da Copa Sul-Americana. Na emissora, o Corinthians teve a metade da audiência que costuma ter quando está na tela do canal carioca em outros torneios.
Há um sentimento em comum nos jogos da RedeTV! e do Facebook, ainda que não haja dados concretos para comprovar a tese: o torcedor comum não sabe onde ver o jogo de seu time. De forma geral, a indústria do futebol brasileiro ainda é baseada no fanático, e a televisão aberta chega muito além disso. Muitas vezes, a citação em sites e em redes sociais é insuficiente para chegar a um universo maior de espectadores.
É algo que também se aplica aos novos projetos de patrocínio dos clubes, que pedem um envolvimento direto do torcedor. Provavelmente, a maior parte dos cruzeirenses não sabia do jogo no Facebook, da mesma maneira que não sabe que hoje há um banco digital associado diretamente ao time. Digi+ na camisa só gera estranheza.
Normalmente, os clubes contam com a zona de conforto da Globo, que chama os torcedores para os jogos durante a programação. Sem a emissora, é preciso reinventar novos caminhos para chamar os fãs. Essa autopromoção é algo fundamental para o futebol, inclusive para lotar arquibancadas. E, para isso, é preciso ir além do sócio, do fanático. É preciso aprender a falar mais alto e com todos.