O Brasil nunca chegou perto de um título da Copa Davis, como a Suíça, que celebrou sua primeira conquista no último fim de semana. Mas no esporte, há proximidades muito maiores do que os 9.500 km, cortados por um oceano, que separam os dois países.
Roger Federer e Stanislas Wawrinka, os grandes heróis do triunfo suíço, são muito diferentes dentro e fora de quadra, mas têm em comum a origem. Ambos são filhos de imigrantes. As famílias Federer e Wawrinka não são exceção em um país que possui cerca de 30% de seus habitantes com origem estrangeira.
Nascido na Basileia, Federer é fruto da união de uma sul-africana com um suíço. Wawrinka é ainda mais multicultural. Seu pai, Wolfram, é alemão, mas com ascendência na antiga Tchecoslováquia. O tênis suíço tem enorme dívida com sangue estrangeiro. Ex-número um do mundo, a suíça Martina Hingis nasceu, na verdade, na Eslováquia. Metade da seleção de futebol que disputou a Copa do Mundo do Brasil também nasceu no exterior ou é filha de estrangeiros.
Para esses cidadãos, o esporte representa mais do que para os demais habitantes. É uma maneira de construir algo na vida. “Esse grupo vê o esporte como um trabalho. Há uma fome na família, que aceita o esporte como uma forma de mostrar algo em um país em que é bem-vindo… Se trabalhar”, analisa o ex-tenista Jakob Hlasek, nascido na antiga Tchecoslováquia, que defendeu a Suíça nos anos 90.
Análise muito parecida àquela que fazemos de candidatos a craque de qualquer favela brasileira. Nem as 76 posições do ranking mundial do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que separam os dois países são capazes de alterar esse quadro. O esporte ainda é uma eficiente ferramenta de ascensão social para as classes mais desfavorecidas da sociedade. Seja em países com IDH 0,917. Seja em nações com índice 0,744.