A decisão da Globo de mostrar o futebol na quarta à noite independentemente de qual a praça do time que está jogando é fundamental para um processo de mudança na cultura brasileira de consumo do esporte em geral.
Nos últimos 30 anos, nos acostumamos a ver o futebol regionalizado. Por pressão da própria Globo, que sempre colocou mais dinheiro no esporte e, assim, passou a cobrar mais audiência, deixamos de olhar o futebol como um entretenimento para ver só os times.
Isso gerou um problema para a própria Globo, agora que o futebol fica um investimento ainda mais caro. Se não existe um clube local na disputa, não há apelo para a competição em que ela deposita milhões de reais.
Quando a Globo decide que vai fazer o futebol ocupar a tela da TV mesmo que isso represente uma queda na audiência, ela se posiciona como uma parceira do futebol, algo que é muito mais valioso para os clubes do que ser apenas um financiador do esporte.
O próximo passo será começar a fazer esse mesmo movimento para o Campeonato Brasileiro. Já é hora de o domingo ter apenas um jogo no horário da TV aberta, enquanto as demais partidas ficam espalhadas pelo final de semana para atender a interesses de TV paga e pay-per-view, além, claro, de satisfazer os clubes com horários em que vá mais torcida ao estádio.
O Brasil precisa voltar a ter gosto de torcer pelo futebol, e não apenas pelo time do coração. Isso ajudaria, e muito, a fortalecer o negócio do esporte.