Não há nada que tire a legitimidade e o direito de protesto dos jogadores da NFL. Mas, comercialmente, ele tem sido, de fato, um problema. E existe uma razão que não é de simples compreensão: Donald Trump mantém uma enorme influência sobre parte dos Estados Unidos.
Entender esse peso não é fácil na prática. Qual político brasileiro conseguiria fazer com que um brasileiro desligasse a televisão na hora do futebol? É difícil imaginar. Talvez poucos americanos tivessem essa capacidade, mas está claro que Trump é um deles.
O atual presidente dos Estados Unidos usa as redes sociais com inteligência. Ao menos é o que parece. Com o Twitter sempre afiado, Trump tem a capacidade de pautar a mídia, de maneira que suas palavras sempre ganham enorme repercussão.
Em parte do território americano, elas têm pouca importância. Em Boston, capital de Massachusetts, suas palavras viram piada em rodas de conversa e em diversos produtos espalhados pelas lojas. O Estado foi o único em que nenhuma cidade elegeu Trump nas eleições presidenciais.
Nesta segunda-feira (23), a rede de televisão CNN dedicou a maior parte de sua programação para criticar o presidente, seja pelos protestos da NFL ou pelas declarações fortes de uma viúva de um soldado americano. Mas, como ficou claro nas eleições, a força da grande mídia já não é mais a mesma.
Parece surreal que protestos contra o assassinato de negros inocentes possam ter gerado alguma represália do líder do mais rico país do mundo. Mas é essa a realidade: o discurso desconexo ao bom senso tem sistematicamente encontrado eco. E a parte razoável da população termina acuada.