O projeto de criação de uma Liga dos Campeões da América, que relatamos aqui nos últimos dias (leia mais aqui e aqui), tem como sustentação para seu crescimento a escalada dos preços dos direitos de transmissão do torneio.
Na concepção do projeto, os clubes ganhariam mais com um produto forte e que seja atrativo para a mídia, fazendo com que as empresas paguem bastante pelos direitos.
O problema, porém, é que o modelo de venda apresentado pela agência MP&Silva é calcado no mercado dos esportes americanos, em que essa lógica permeia o mercado.
No futebol, talvez por conta do modelo adotado pela Fifa nos anos 70 e 80, prevalece a lógica de que o melhor negócio para o esporte é fechar os direitos de transmissão com exclusividade para uma empresa, que paga mais alto por isso. É só ver o que fez a Uefa aqui no Brasil, fechando com exclusividade a transmissão da Liga dos Campeões, mesmo que para isso reduzisse a exposição de mídia de seu campeonato.
O ponto é que esse modelo já se provou menos eficiente para que uma competição tenha sucesso tanto financeiro quanto de exposição. A NFL é o melhor exemplo disso.
Por isso mesmo, o projeto de fazer de uma Liga dos Campeões das Américas um grande produto de mídia esbarra na cultura do futebol, que sempre procura vender a exclusividade na transmissão do evento.
Acostumadas a esse modelo, as empresas de mídia, principalmente no Brasil, dificilmente aceitarão novas regras no jogo. E, assim, a Liga dos Campeões das Américas já tem um baita desafio para poder existir.