A Primeira Liga deu liga. Não por conta do planejamento estratégico dos clubes, ou pela percepção de que a união é o meio mais fácil para que todos se beneficiem. A intransigência da CBF em aceitar o torneio entre os clubes virou o maior trunfo para a Liga finalmente vingar.
Os clubes caminhavam para se enforcarem sozinho no plano de – aleluia! – organizarem seu próprio campeonato. Disputa por vaidade, embate pela divisão de receita que ainda sequer havia sido assegurada e choque de ego no jogo político já tinham rebaixado a Primeira Liga a um segundo plano.
Na semana de abertura do evento, a mídia e a torcida só pensavam em outra coisa, como a tabela do Estadual, a data de estreia na Libertadores ou o reforço que ainda não chegou para o time. E a Primeira Liga estava ali, ocupando o noticiário por aquilo que mais afasta o torcedor, que é a lenga-lenga política em torno de uma competição que ainda não existia.
O resultado disso é que, na segunda-feira, dois dias antes de começar o torneio, pouco se falava nele. Até que a CBF decidiu publicar uma nota em que se posicionava contra o torneio e acusava os clubes de não estarem cumprindo com o calendário inicialmente proposto por ela.
O tiro saiu pela culatra. Em vez de ser o golpe de misericórdia da liga, se transformou no voo de Fênix.
A CBF criou um embate com dois lados claramente definidos. E os clubes, que vinham se debatendo sozinhos, sem demonstrar a união que o momento precisa, passaram a ver uma luz no final do túnel. A liga vai sair. E deve isso, muito, à CBF.