A saída da Nestlé marca o fim da era das grandes empresas no vôlei. Desde os anos 80, quando o modelo de um time ser “apadrinhado” por uma marca foi criado pela CBV de Nuzman, que o vôlei vive de vender esse projeto.
Naquela época, a criação dos times de empresas foi a saída encontrada por Nuzman para conseguir profissionalizar o esporte. Os atletas ainda dividiam o vôlei com outras tarefas. Ter uma marca que pagasse para eles se dedicarem só ao esporte e, em troca, dar exposição à ela na TV aberta era uma relação salutar para os dois lados.
Foi assim que Atlântica Boa Vista, Banespa e Pirelli catapultaram o esporte e suas marcas, numa era em que o esporte só passava na TV aberta.
Hoje, três décadas depois, o negócio mudou radicalmente. O vôlei só tem dois jogos na TV aberta, outros poucos na TV fechada. O torcedor é bastante ligado aos atletas, mais do que aos times, que seguem tentando vender visibilidade à marca, em vez de qualquer outra de suas propriedades.
Não por acaso, hoje a Superliga tem o apoio de empresas de mecenas ou de projetos bancados por marcas locais, que abraçam o esporte para dar algum suporte à comunidade em que atuam.
Mas os times seguem dependentes do modelo de 30 anos atrás. Vendem às marcas a exposição que a TV já não garante. E, pior, vivem uma realidade muito diferente, já que os atletas não só são profissionais como muito bem remunerados, o que eleva os custos.
A saída da Nestlé do vôlei deve, mais do que ser lamentada, ser usada como objeto de estudo. Por que um patrocinador decide deixar o esporte?
Ao que tudo indica, o vôlei precisa de um novo argumento de venda para atrair de novo os grandes para perto.