A Minas Arena, concessionária que administra o Mineirão, quer se livrar das acusações que rondaram a gestão do estádio nos últimos dias. Os executivos do empreendimento têm conversado com jornalistas do Rio de Janeiro e de São Paulo para se desvencilhar das notícias mais recentes.
A Máquina do Esporte esteve com o diretor comercial da Minas Arena, Samuel Lloyd, que justificou a iniciativa: “Comercialmente, é óbvio que uma marca prefere se aliar a um equipamento que não está envolvido nesse tipo de denúncia do que um equipamento que tem que se explicar. Isso atrapalha a gestão do negócio. Nós precisamos de uma imagem positiva”.
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O problema da Minas Arena surgiu no início deste mês, quando o deputado estadual Iran Barbosa (PMDB) acusou a concessionária de fazer fraudes contáveis para diminuir o repasse do lucro do estádio ao Estado mineiro. Duas semanas depois, uma matéria do UOL revelou documentos investigados pelo Ministério Público.
A gestão do estádio se defende: “Para nós, esconder faturamento é péssimo, porque eu perco receita do Estado”, contou Lloyd.
Por contrato, o Mineirão foi reformado em um contrato de Parceria Público Privada para uma obra orçada em R$ 654 milhões. O consórcio foi responsável por todo o investimento no estádio público. Como condição, o Estado paga uma mensalidade dividida entre uma taxa fixa, válida por 10 anos, e uma taxa variável.
É na faixa variável que vive o problema; ela diminui cada vez que um dos itens de qualidade não é alcançado. Isso envolve gestão de serviços, que está ok, e a gestão financeira, que está aquém do esperado. Por isso, desde abril, a mensalidade do Estado caiu de R$ 11 milhões para R$ 8 milhões.
Segundo a administração do Mineirão, as dificuldades financeiras se devem à falta de jogos. Por contrato de licitação, o estádio deveria ter 60 partidas por temporada. Mas, com o acordo entre Atlético Mineiro e Estádio Independência, os eventos ficam pela metade. “Com o número de jogos que nós temos hoje, dificulta muito esse índice financeiro”, ponderou Lloyd.
Caso conseguisse uma margem operacional positiva, o lucro do empreendimento deveria ser dividido por igual com o Estado. As acusações são de que a Minas Arena frauda os resultados para não fazer esse repasse.
A administração do estádio nega. Hoje, os custos da arena são superiores aos valores arrecadados com a exploração comercial da Arena. A margem operacional positiva, com as mensalidades do Estado, é direcionada a adiantamentos para o BNDES. Na prática, nenhum acionista teve lucro de fato com o investimento até o momento.