Quando estava para receber sua medalha de prata nas argolas, o ginasta Arthur Zanetti fez questão de ressaltar que era também um sargento. No segundo lugar mais alto do pódio, prestou continência, símbolo de reverência dos militares.
A atitude, que tem sido tomada pelos atletas brasileiros que são militares, serviu como motivo para o seu treinador, Marcos Goto, atacar o tipo de apoio dado pelo governo por meio dos militares.
“Gostaria que os militares fizessem um trabalho de base. Agora, apoiar atleta de alto nível é muito fácil. No dia em que os militares formarem crianças, apoiarem a iniciação, treinador, aí eu tiro o chapéu. Pegar o atleta pronto é muito fácil. Até eu. Quem dá treino a meu atleta sou eu, não os militares”, disse.
Goto tem se especializado em reclamar. Em Londres 2012, depois do ouro de Zanetti, criticou a falta de patrocinadores e apoio ao atleta, mesmo tendo Zanetti dois patrocinadores pessoais à época.
Em 2013, ele chegou a dizer que o brasileiro poderia encerrar a carreira ou se mudar para o exterior para poder ter condições mínimas de treino. Pouco depois, um acordo foi feito com a prefeitura de São Caetano do Sul, que investiu em estrutura para que ele ficasse lá.
Agora, com Zanetti tendo mais de cinco patrocinadores, entre eles Adidas, Caixa, Embratel, Claro e Furnas, o treinador decidiu disparar contra o apoio das Forças Armadas. A estratégia de usar o apoio dos militares ao esporte vem desde 2011, quando o Brasil recebeu os Jogos Mundiais Militares e contou com os atletas de elite para ter um bom desempenho na competição.
Desde então, o governo passou a alistar atletas em diversas funções. Recebendo salário e cumprindo algumas obrigações militares, esses atletas competem em Jogos Militares e, também, prestam a continência na hora da medalha em torneios entre civis, como o Rio 2016.
Zanetti, por exemplo, apenas em 2016 se alistou na Força Aérea. Em nota, o Ministério da Defesa diz que, além do Programa de Atletas de Alto Rendimento, a pasta investe na formação de atletas por meio do Programa Social Forças no Esporte, em 89 municípios.