Canadense, negro e tímido. Com só 18 anos de idade e completamente fora do padrão de ídolo do tênis mundial nos últimos anos, Félix Auger-Aliassime se transformou na sensação do Rio Open 2019. E a Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) não poderia estar mais feliz com isso.
Auger-Aliassime faz parte do projeto Next Gen, criado com o objetivo de formar novos ídolos. Com a geração de Roger Federer e Rafael Nadal se encaminhando para o final de carreira, a ATP quer mostrar que os mais jovens estão chegando no circuito.
A questão é que Félix sai completamente do padrão dos ídolos atuais. O Canadá não tem grande tradição no tênis. Além disso, filho de um togolês, Aliassime é negro, outra característica que o mantém fora do padrão, mas que é boma para a ATP, que sempre tenta passar a imagem de igualdade.
Com o tênis brasileiro passando por uma fase turbulenta e já sem representantes na chave de simples, o canadense, apesar de tímido, demonstrou carisma suficiente para conquistar o público na cidade.
Primeiro, ao derrotar o italiano Fabio Fognini, cabeça de chave número 2 do torneio, logo na estreia. E depois, na última quarta-feira (20), ao bater o chileno Christian Garin e garantir vaga nas quartas de final.
Como o último brasileiro da chave de simples, Thiago Monteiro, tinha acabado de ser eliminado, a torcida brasileira adotou ainda mais o jovem Auger-Aliassime como novo xodó.
Após a partida, o jogador, atual número 104 do mundo, vestiu uma camisa da seleção brasileira dada pela patrocinadora de ambos, a Nike, que aproveitou a ocasião para fazer uma emboscada no Rio Open, já que a marca esportiva do torneio é a Fila.
O presente da Nike ajudou ainda mais a garantir a empatia do público com o jogador, que não tirou a camisa e deu dezenas de autógrafos, em especial para crianças, após a vitória.
O jeito tímido de Félix conquistou o jovem torcedor, que sempre pede um autógrafo / © Foto Jump
“Eu não sabia o que esperar quando cheguei aqui, não comecei o ano com muitas vitórias, mas fiz bons treinos e acreditei no meu jogo. Eu sonho alto, e essa vitória é mais um degrau na minha carreira. Estou longe de casa, então ajuda muito ter essa torcida. Se eu conseguir retribuir com boas partidas, ficarei feliz”, afirmou.
Na quinta-feira, Félix não entrou em quadra. No entanto, foi só andar um pouco pelo complexo do Rio Open para perceber que todos queriam saber em qual quadra ele treinaria.
Para alegria da organização, Félix Auger-Aliassime virou uma espécie de “Brasil no Rio Open” e deve ter torcida maciça nesta sexta-feira (22), quando enfrentará o espanhol Jaume Munar por uma vaga nas semifinais. O jogo deve começar no início da noite, quando a quadra central lota.