A Primeira Liga nem chegou à segunda edição e já teve baixas de dois dos clubes que a fundaram. Na terça-feira (22), em Assembleia Geral da organização, a dupla Atlético Paranaense e Coritiba anunciaram que deixarão o torneio. A confirmação foi feita em nota oficial publicada pela Primeira Liga.
O Coritiba também se pronunciou oficialmente sobre a retirada do clube. E a direção da equipe explicitou o motivo da saída: a divisão de receitas oriundas da venda dos direitos de televisão. “Não aceitamos a diferenciação e distinção entre os clubes. Queremos algo que seja bom para todos”, resumiu o presidente do time, Rogério Portugal Bacellar, em nota.
O Atlético Paranaense não se pronunciou oficialmente. Ao portal Uol, o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Mário Celso Petraglia, comentou a questão. “O Atlético-PR deixou consignado em ata em função da mudança de todos os princípios e as razões por que ela foi criada”, comentou o dirigente.
Ambos os clubes entenderam que o conceito criado inicialmente foi perdido. A Primeira Liga deveria ir além de um torneio paralelo aos Estaduais e economicamente mais viável. O torneio deveria ser um símbolo de união dos clubes, que poderiam fazer frente às emissoras de televisão, às federações de futebol e à CBF. Para os dois, os conflitos por verba de televisão ruíram o desejo de projeto diferente para o esporte brasileiro.
Em evento realizado pelo Movimento por um Futebol Melhor, o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, desdenhou os argumentos da dupla. O time carioca é um dos interessados em uma fatia maior de televisão. “É questão de visão política, algo normal. Não vejo maiores problemas. Transformar contrato comercial em instrumento político não é legal. Se seus objetivos são diferentes do grupo, é normal que se saia”, afirmou.
O presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, seguiu a mesma linha: “A divisão adotada pela Primeira Liga é a mais democrática do Brasil. Nem o Brasileiro é tão democrático assim”, comentou o mandatário do time carioca.
O Brasileirão, usado como referência, mantém diferença de R$ 135 milhões entre o grupo que ganha menos e o grupo que ganha mais, formado por Corinthians e o próprio Flamengo.
Do Paraná, sobrou o Paraná Clube na Primeira Liga. Fora da Série A do Campeonato Brasileiro, o time vê o torneio uma oportunidade de maior rendimento financeiro na temporada.