O acordo parecia ideal para o América-MG. O estádio Independência, de propriedade da equipe mineira, seria reconstruído pelo governo estadual para que recebesse jogos durante o fechamento do Mineirão para obras. Única em Belo Horizonte, a arena ampliaria as receitas do clube, mas a reforma atrasou e sobraram prejuízos.
A princípio, com projeto e orçamento concebidos no início de 2009, a reforma custaria R$ 46 milhões aos cofres públicos e seria finalizada em outubro de 2010, prazo posteriormente prorrogado para junho deste ano. Atualmente, os custos foram elevados a R$ 125 milhões, e o término foi novamente adiado para dezembro.
“A informação que temos é a de que o governador não irá adiar nem mais um dia, então temos que ser pacientes e esperar, mas é verdade que o América-MG perde e tem perdido bastante desde o fechamento”, conta Olímpio Naves, responsável pelo departamento de marketing da equipe, recém-promovida à elite nacional.
Caso a construção do Independência fosse concluída até junho deste ano, como era previsto, o América-MG poderia alugá-lo a Atlético-MG e Cruzeiro durante o Campeonato Brasileiro, além de ampliar as receitas com bilheterias das partidas da primeira divisão. Sem a arena, a própria equipe terá de alugar outro local.
Dentre as razões para o atraso na entrega do estádio, está a dificuldade em conseguir liberação dos recursos prometidos pela Caixa Econômica, que aprovou R$ 30 milhões, mas até agora cedeu somente R$ 1 milhão. Como o dinheiro não foi depositado, contratos com fornecedores foram cancelados e tiveram de ser renegociados.
Como o término da reforma no Mineirão está previsto apenas para dezembro de 2012, caso não haja novos atrasos na entrega do Independência, o América-MG terá uma temporada inteira para aproveitar o hiato sem o principal estádio de Minas Gerais. Vale lembrar, contudo, que o clube terá apenas participação nas receitas.
Ao propor reconstruir a arena, o governo estadual exigiu em contrapartida a concessão do local por 20 anos. Ao fim deste período, a administração voltará ao América-MG, mas até lá o poder público terá prioridade na renda, para que recupere o valor investido na construção. Por duas décadas, o clube terá de ter paciência.